Sou um patinho feio.
Patinho feio, me lembra a mim! Assustaste-te, foi? Então ouve. A primeira de todos, fui eu. Ainda na maternidade, o meu pai apercebeu-se que carregava uma menina. Contava com um macho, como o primogénito.rsrsrs tramei tudo. Gozava-me sempre, dizendo: eras mesmo “feinha” (e eu, ria-me), mas de tímida não tinhas nada. Atrevida e curiosa, querias saber tudo, e eu adorava a tua esperteza.
Entretanto fui crescendo e sentia-me diferente. Também não sabia porquê? …E hoje, eu já descobri. Não suporto desprezo e detesto pessoas más. (grande novidade, quem gosta?)
Andersen o inventou e acertou, pois patinhos feios existem mesmo. Historinha contada por várias gerações tem um grande valor sentimental. Para mim é bem melhor que a branca de neve. O melhor que ouvi e vi. Sim, sem dúvida!
Quantos existem no mundo? Alguém já contou? Vou defini-lo: aqueles, desprezados por todos. Espertos, afastam-se, entendem do mal que lhes faz. Crescem e viram cisnes. Alguém imaginava? Só não viu quem não queria. Todos vão perceber quando vos relembrar da historinha.
O patinho nasceu diferente dos outros, era muito feito. Os maninhos distanciavam-se. Dizendo: que pato esquisito, é feio mesmo. Desprezado por todos, menos pela mãe. Triste e sem vontade de viver, lamentava-se. Até que fugiu para bem longe. Andou e chegou a floresta. Com fome e muito medo, descansava. A sua grande vontade era fazer muitos amigos e ser amado.
Quando tentavam aproximar-se dos patos selvagens, todos fugiam assustados. Assim ficava coitadinho, sem ter para onde ir. Cresceu despachado, e sobreviveu com o que podia.
Com o passar do tempo transformou-se no que realmente era, mas como nunca se tinha visto, nada mudava.
Um belo dia, cisnes apareceram no lago e aproximaram dele, logo perceberam que o patinho feio era igual. Encheram-lhe de mimos. Sem nada para entender, o pato afastava-se. Mas pela primeira vez, sentia amor. Viu o seu reflexo na água e aí, admirado constatou o brilho de um lindo cisne!
Desculpem-me, mas o patinho feio nem tinha foto. Por isso usei esta, de um dos manos.
Boa sexta-feira meus amigos.
Texto de : Lisié Champier
Fotografia de : Horácio Graça (fotógrafo português)